Hardwares atuais: mais potência do que realmente precisamos?

Hardwares atuais: mais potência do que realmente precisamos?
Hardwares atuais: mais potência do que realmente precisamos?
Quem acompanha as notícias do mundo da tecnologia está acostumado a, praticamente todo dia, se deparar com algum hardware novo com características surpreendentes. Notebooks, smartphones, placas de vídeo, video games – todos dispositivos que sofrem atualizações constantes, sempre com a promessa de oferecer experiências nunca antes vistas.
Porém, todas essas novidades também passam uma situação de insegurança e, em alguns momentos, até mesmo de frustração. Afinal, ao se comprar um aparelho, fica a certeza de que em pouco tempo já será preciso substituí-lo caso o objetivo seja aproveitar todos os recursos programados para chegar em um futuro próximo.
Esse artigo não tem a proposta de criticar as práticas do mundo da tecnologia, nem serve como um protesto contra o lançamento anual de novos aparelhos. O objetivo é propor uma reflexão sobre o que é realmente interessante para o usuário quando o assunto é adquirir novos produtos: vale a pena gastar dinheiro para manter-se atualizado ou é exagero correr atrás de todas as novidades que chegam ao mercado?

Grande número de opções

Quem já pensou em comprar um novo computador, ou investir na construção de uma máquina com partes escolhidas a dedo, provavelmente se deparou com momentos em que a dúvida reina. Afinal, uma simples busca pela palavra “computador” ou “notebook” em um site de compras revela uma grande diversidade de resultados, com as mais diferentes configurações disponíveis.
A situação fica ainda mais complicada quando se leva em conta a nomenclatura dos dispositivos, especialmente quando não se está acostumado com o mundo da informática. Seguindo uma lógica bastante simples, aparelhos que possuem no nome números altos sempre parecem se tratar de uma alternativa mais poderosa – algo que nem sempre reflete a realidade, ainda mais quando se trata de famílias diferentes de dispositivos.

(Fonte da imagem: Newegg.com)

O problema está no fato de que toda a variedade de opções disponíveis muitas vezes induz a pessoa a adquirir um produto com características muito além do que realmente precisa. Apesar de um processador Intel Core i7 de última geração ser um sonho de consumo da maioria dos fãs da informática, de nada adianta equipar uma máquina com a peça se a intenção é simplesmente navegar pela internet – fazer isso representa tanto um desperdício de dinheiro quanto de capacidade de processamento.
A grande variedade de opções disponíveis no mercado é um dos motivos pelos quais o TecMundo prepara guias de compra periódicos com as melhores dicas de hardware do mercado. Afinal, como todo ano surgem novos lançamentos, nada melhor do que encontrar em um lugar dicas sobre o que vale a pena adquirir e o que é dispensável.

Obsolescência programada

Nada mais frustrante do que investir milhares de reais em um equipamento para, seis meses depois, estar disponível uma atualização com o dobro de poder de processamento e exatamente o mesmo preço, resultando em uma desvalorização imediata do que foi adquirido.

(Fonte da imagem: Apple)

Tal situação não é mero resultado do acaso ou coincidência, já que melhorias periódicas em hardware são estrategicamente coordenadas pelas empresas fabricantes. Um dos casos mais exemplares disso é a Apple, que não esconde de ninguém que, todo ano, anuncia em datas bastante específicas versões aprimoradas do iPad, Macbook e iPhone que vão deixar a anterior parecendo peça de museu.
Não há nada de essencialmente errado nisso. Afinal, empresas de tecnologia estão inseridas dentro do capitalismo e precisam se renovar constantemente para se manter ativas e obter lucros. Nem que para isso tenham que usar de propagandas que façam com que o usuário acredite que o que comprou há cerca de um ano atrás é praticamente uma sucata.

Evolução difícil de acompanhar

Usando novamente o exemplo da família Core da Intel, é simples observar o quanto a primeira geração dos processadores parece desatualizada em relação à linha SandyBridge. A impressão que fica é que, quem não atualizar a máquina o mais rápido possível não será mais capaz de reproduzir vídeos em alta definição ou aproveitar os novos jogos do mercado.

(Fonte da imagem: Intel)

Tal impressão é fácil de desmistificar, especialmente quando se leva em conta que o mercado de softwares não consegue se adaptar tão facilmente às novidades de hardware disponíveis. Muitas fabricantes nem conseguem obter todo o rendimento de processadores com dois núcleos, algo que parece absurdo em um mercado onde dispositivos quadcore estão cada vez mais próximos de se tornar a regra.
Quando se fala em períodos curtos de tempo, a diferença prática de desempenho entre dois produtos semelhantes é muito pequena e dificilmente compensa grandes investimentos. Um Intel Core i5 de primeira geração, por exemplo, atualmente consegue rodar diversos jogos recentes em alta definição com a mesma competência de seu equivalente SandyBridge – mesmo que não disponha do mesmo poder de processamento bruto nem seja tão resistente ao teste do tempo quanto seu irmão mais novo.

Falta de otimização

Atualizações anuais de hardware têm como principal resultado negativo o fato de que muitas vezes uma peça é considerada ultrapassada sem que seu potencial real seja aproveitado ao máximo. Exemplo mais notável é o mercado de placas de vídeo, em que são necessárias atualizações quase anuais para rodar novos jogos com qualidade máxima.
Uma comparação com o mercado de consoles caseiros se torna inevitável nesse caso. Afinal, como máquinas que já estão há seis anos no mercado (caso do Xbox 360, lançado em 2005) conseguem desempenho gráfico equivalente ou até mesmo superior ao oferecido por placas lançadas em 2009 ou 2010?
(Fonte da imagem: Epic Games)

Além das diferenças óbvias de arquitetura, como o fato de video games caseiros não serem feitos para rodar sistemas operacionais e virem equipados com versões especiais de dispositivos, consoles são beneficiados por não evoluírem tão rapidamente seu hardware. Algo que parece bem estranho em um primeiro momento, mas que faz sentido após certa reflexão.
Como os equipamentos de um video game caseiro permanecem os mesmos (ou se limitam a receber poucas melhorias), desenvolvedores de jogos se veem obrigados a conhecer muito bem cada peça e desenvolver novas técnicas para entregar experiências cada vez mais completas. Isso fica evidente com uma simples comparação entre a primeira leva de jogos para o Playstation 3 e os lançamentos atuais do dispositivo – a diferença de desempenho é muito grande, sem que nada tenha mudado em matéria de hardware.

Situação que afeta todo o mundo da tecnologia

Já nos PCs, com as mudanças constantes de processadores, GPUs e sistemas operacionais, otimizar títulos se torna uma tarefa muito mais difícil. E não pense que isso acontece só no mercado de jogos eletrônicos: smartphones, tablets e outros aparelhos sofrem com exatamente o mesmo problema.
Por isso que não é incomum encontrar máquinas que, em teoria, são mais do que capazes de realizar determinada tarefa, mas, durante testes reais, demonstram um desempenho decepcionante. Em geral, isso se deve a desenvolvedores que não se preocuparam (ou não tiveram tempo) em tornar o produto acessível a um grande número de pessoas – muitas vezes até devido a acordos nem sempre éticos com outras empresas para beneficiar hardwares mais atuais.

Montanhas de lixo

Além das óbvias consequências financeiras que essa corrida por atualizações constantes traz, um problema muito mais sério é causado pela produção incessante de novas peças de hardware. Como acontece com quase tudo que fica velho e perde atratividade, dispositivos desatualizados ocupam cada vez mais espaço nos lixos tanto de países desenvolvidos quanto nos emergentes.

(Fonte da imagem: Flickr de takomabibelot)

Apesar de muitos dos componentes que constituem um computador poderem ser reciclados e reaproveitados em novos equipamentos, a maior parte do lixo produzido não passa por um processo do tipo. O problema se torna ainda mais grave quando se leva em consideração a quantidade de elementos tóxicos presentes nos aparelhos, especialmente naqueles que possuem baterias internas.
Cientes do problema, muitas indústrias já se preocupam em diminuir o impacto ambiental de seus produtos, embora seja difícil encontrar alguma disposta a rever o modelo de negócios no qual está inserida. Para saber mais sobre o lixo tecnológico e conferir algumas ações simples que podem ajudar a diminuí-lo, confira o artigo “Lixo eletrônico: o que fazer após o término da vida útil de seus aparelhos?”.

Debate constante

Discutir os benefícios e desvantagens da evolução constante no mundo da tecnologia não é uma tarefa fácil ou que tenha respostas definitivas. Afinal, não fosse o ritmo rápido das atualizações de hardwares e softwares, não teríamos disponíveis maravilhas como o iPad, Playstation 3, Nintendo 3DS e outros nomes de destaque.
Devido a isso, o Tecmundo abre espaço em sua seção de comentários para aqueles que se interessam pelo assunto registrarem sua opinião. A evolução constante é algo que deve ser encarado de maneira cuidadosa ou é melhor abraçar sem questionamentos as últimas novidades do mercado?
O espaço para discussões está aberto, ficando a critério de cada um registrar o que pensa sobre o assunto. Isso, claro, mantendo o respeito ao ponto de vista alheio e procurando reconhecer que nem todos possuem as mesmas necessidades quando o assunto é tecnologia.

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