Brasil ressurge, atropela Espanha e conquista a Copa das Confederações.
Com 3 a 0 e domínio pleno sobre a Espanha na final, o Brasil conquistou
pela quarta vez o título da Copa das Confederações, com Neymar sendo
eleito o melhor jogador da competição, Júlio César o goleiro menos
vazado e Fred artilheiro (com 5 gols) ao lado de Fernando Torres, que
ficou com a Chuteira de Ouro por ter jogado menos minutos
mínima condição de ganhar da Espanha. Não somos mais o melhor futebol do mundo e temos que aceitar. A diferença técnica e tática é enorme. Seremos goleados. Não temos nada, nem time, nem técnico, apenas sorte. Nem torcida temos, pois o amor acabou.
mínima condição de ganhar da Espanha. Não somos mais o melhor futebol do mundo e temos que aceitar. A diferença técnica e tática é enorme. Seremos goleados. Não temos nada, nem time, nem técnico, apenas sorte. Nem torcida temos, pois o amor acabou.
Ah, o futebol!
O Brasil foi moderno, ofensivo,
equilibrado, vencedor e ainda tem alma. Venceu a temida Espanha por 3×0 –
placar injusto, diga-se de passagem. Merecia mais.
A maior vitória foi jogar bem e propor o
jogo o tempo inteiro. Não viveu de “uma bola”, nem de sorte, nem de
momentos. Viveu de aplicação tática, ataques em bloco, ultrapassagens e
marcação compacta, atenta e tirando as opções de passe do jogador
espanhol. Mais moderno impossível.
No início, o Brasil impôs o estilo e
atacou com velocidade nas diagonais dos zagueiros procurando Hulk e
Neymar. Na costumeira blitz inicial, o centroavante tão criticado e
importante fez o gol que colocou a Espanha fora de sua zona de comforto.
O 4-2-3-1 brasileiro marcou a saída de
bola espanhola com todos os jogadores compactados no próprio campo,
espaçados de modo a melhor ocupar espaços – pedido de Felipão revelado
por Fred. Dessa vez, com Luiz Gustavo mais alinhado com Paulinho e
Daniel Alves mais preso, muito por conta de Iniesta, o espanhol que faz a
bola girar.
A marcação tirou o 4-3-3 espanhol da zona de conforto. Conforme dito aqui,
o jogo espanhol não é ofensivo, é administrativo. Cansa o adversário
física e mentalmente. Com a marcação brasileira, quem se cansou foi a
Espanha, que não controlou o jogo como de costume. Logo aos 2min, a
adversidade de ir buscar o resultado também atrapalhou.
Se a questão da escola brasileira era atacar como Brasil e marcar como Espanha, hoje o Brasil mostrou que aprendeu: todos os jogadores atrás da bola, quase num 4-2-4-0, fechando espaços. Observe como as opções de passe da Espanha, em preto, estão bem marcadas.
O espaço no futebol atual toma uma importancia gigantesca: os times jogam em praticamente 50% do campo. Portanto, defender é retirar espaço. Atacar é achar espaço. Centroavantes e volantes marcadores não morreram, como o tiki-taka mostrava: eles precisam participar do jogo, como Fred faz no frame, cercando o jogador com a bola.
O nocaute também se mostrou no ataque. Em uma combinação genuinamente brasileira e atualizada, o Brasil atacou com ultrapassagens, muita velocidade, dribles e vitórias pessoais. Embora os dribles ainda não tiveram o efeito desejado, o Brasil foi vertical como prega a escola, intenso como prega o futebol moderno e vibrante como quer o torcedor.
Na transição, Neymar achou Oscar, que
como armador (ou se preferir, o “camisa 10″) devolveu para a Jóia marcar
o segundo gol. No terceiro gol, intensa troca de posições para
confundir a posição e a superioridade numérica da Espanha: Oscar divide,
Hulk fica, Fred abre na esquerda e Marcelo na direita, enquanto Neymar
corre no centro. Tudo com muita velocidade. Moderno e brasileiro.
Atordoada, a Espanha se viu em uma situação completamente adversa. Sem o jogo de passes curtos e rápidos e pleno controle, a solução foi o lançamento e a bola aérea, sem efeito. O Brasil dominou taticamente e tecnicamente tal forma o jogo que Iniesta e Xavi acertaram “apenas” 90% dos passes: com a necessidade de passar a bola a jogadores mais longes entre si, o risco do erro fica maior.
As entradas de Azpiculeta, Jesus Navas e
Villa não surtiram o efeito desejadado. Com Jô, Hernanes e Jadson, o
Brasil passou ao 4-4-1-1, conforme os gritos de Felipão, e continuou a
dinamica de marcar e atacar com eficiencia, compactação e muita
velocidade.
Em números finais, o Brasil chutou a gol
apenas uma vez a menos do que a Espanha (14 x 15). Mas foi objetiva com
3 gols em 8 chutes, 25 minutos de bola rolando contra 27 da Espanha e
48% de posse de bola. É verdade que comete muitas faltas – 26 contra 16
da Espanha, mas o recurso de jogo é usado longe da grande área e vem
muito de atacantes.
O Brasil fatura a Copa das Confederações, mas breca qualquer favoritismo – o que não serve para absolutamente nada. Ajustes ainda precisam ser feitos, mas o Brasil já mostra muita evolução. A Espanha não morre de um dia por outro e ainda deve ser temida por tudo o que mostrou.
Ganha o futebol brasileiro. Absurdamente
criticado desde as últimas copas, o Brasil prova que pode sim ser
moderno e seguir as tradições daqui. Faltava o resultado que nenhum
futebol bonito consegue viver sem.
Ganha
Luiz Felipe Scolari. Criticado, chamado de retrógrado, velho,
ultrapassado e “Ferrari velha”, o técnico praticamente cala as críticas e
os mal-entendidos com escolhas que se mostraram acertadas: Júlio César,
Luiz Gustavo, o “volante marcador que não faz gols”, e Fred. Você pode
não gostar ou concordar, mas jamais desmerecer e desrespeitar Felipão – e
qualquer outro técnico. Teimoso ele é – e aí está sua maior virtude,
seguir a intuição que pouco falha em 30 anos de muitos títulos.
Nem sorte, nem dias iluminados, nem arbitragem “amiga”: o Brasil pode vencer 2014. Agora é continuar o trabalho.
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