Descubra como Al Capone ganhou sua cicatriz e quanto ele faturava por ano
Você sem dúvidas já ouviu falar de Al Capone, ou melhor, Scarface! Um dos mais famosos criminosos de todos os tempos, o mafioso nasceu no Brooklyn, em Nova York, e neste fim de semana são completados 117 anos desde o seu nascimento, em 17 de janeiro de 1899.
Inspiração para várias obras, o nome de Al Capone é lembrado até hoje, sempre ligado à máfia e ao crime. Mas você sabe a real história e por que ele ficou tão conhecido? Se acomode na cadeira e vem com a gente:
Infância e adolescência
Alphonse Gabriel Capone nasceu em uma família de imigrantes italianos vindos da aldeia de Castellammare di Stabia, próxima a Nápoles. Sua infância foi simples e bem distante de sua vida luxuosa como adulto. Seu pai trabalhava como barbeiro e sua mãe como costureira, e eles faziam de tudo para sustentar a família, que vivia em condições razoáveis.
Capone aos 10 anos
Aos cinco anos de idade, Capone começou a frequentar a escola e tinha um bom currículo. Entretanto, aos 14 anos, durante um desentendimento com uma professora, o jovem acabou a agredindo, o que causou sua expulsão da escola.
Sua família se mudou para Garfield Place, um lugar que definiu muito da personalidade do futuro mafioso e onde Capone conheceu sua futura esposa, a irlandesa Mae Coughlin, e Johnny Torrio, seu mentor do crime.
Johnny Torrio
Torrio era italiano e um visionário, sendo responsável pelas ideias do futuro Sindicato Nacional do Crime, que surgiu na década de 1930. Também chamado de “A Comissão”, no grupo, os membros de cada família mafiosa ítalo-americano decidiam os rumos do crime organizado. Eles recusavam a legitimidade do Estado, pois acreditavam que ele não resolvia, com justiça, os problemas da sociedade, beneficiando apenas os mais ricos.
Muitos jovens, como Capone, consideravam Torrio um exemplo a ser seguido e um homem de honra. Por isso, para Al foi uma grande conquista o fato de trabalhar com seu ídolo, considerando-o como um pai.
Quando Torrio se mudou para Chicago, em 1909, Capone passou por algumas gangues de ruas, como Five Point Juniors e South Brooklyn Rippers. Entretanto, nesta época, ele ainda se dedicava muito à família, trabalhando honestamente e ajudando nas despesas.
A entrada para o mundo do crime
Aos 18 anos, sua vida mudou quando foi trabalhar para o gângster Frank Yale, por recomendação de Torrio. O jovem passou a trabalhar em um bar de Frank, chamado Harvard Inn, em Coney Island. Entre suas funções estavam a de balconista e segurança.
Frank Yale
Foi nesta época que Capone ganhou sua cicatriz, que lhe renderia o apelido de “Scarface”. Segundo algumas histórias, Frank Galluccio, um assassino local, foi ao bar com a irmã e, assim que adentraram o estabelecimento, teria ouvido Capone fazer um comentário maldoso sobre a garota. Galluccio exigiu um pedido de desculpas e, quando Capone se recusou, ele lhe cortou o rosto três vezes.
Também foi nesse período que Capone contraiu sífilis pela primeira vez, em suas visitas aos bordéis de Torrio.
Em 1919, após casar-se com Mae Coughlin e ter o primeiro filho, Capone voltou a Chicago e retomou o trabalho com Torrio, que construiu o “Four Deuces”, um local com cassinos, bordéis e salões de jogos. Era ali também que Torrio, Capone e outros torturavam e matavam seus adversários.
A Lei Seca
No início da década de 1920, o Congresso Americano aprovou a Lei Seca, que instituía o seguinte: “Às 12 horas e 1 minuto do dia 17 de janeiro de 1920, a 18º Emenda à Constituição Americana colocou em vigor o Ato de Volstead, proibindo a fabricação de cerveja e a destilação e distribuição de bebidas alcoólicas”.
A aprovação desta lei mudou para sempre as atividades criminosas, sendo considerada a época de ouro do crime, em que o lucro obtido com a venda de álcool possibilitou a diversificação das práticas ilegais.
Álcool sendo jogado fora durante a proibição
Com a proibição, consequentemente, o preço do álcool subiu assustadoramente e aumentou a exportação dos países próximos aos Estados Unidos. Sem perder tempo, Torrio entrou no novo mercado e, com isso, Capone ganhava cada vez mais espaço e poder.
Em 19 de maio de 1924, um gângster que anteriormente era aliado de Torrio armou uma armadilha para o criminoso, fazendo com que ele fosse preso por sua segunda infração à Lei Seca e passasse 9 meses na cadeia. Ao ficar livre, Torrio foi à Europa e deixou Al Capone responsável por suas atividades.
Mesmo com a Lei Seca, muitos bares vendiam bebidas clandestinamente
Os ataques entre as gangues se proliferaram, causando verdadeiras guerras nas ruas de Chicago. Em 12 de janeiro de 1925, Scarface estava entre as avenidas State e 55ª quando um grupo passou de carro e descarregou submetralhadoras em sua equipe. Capone e seus homens se jogaram no chão e conseguiram sobreviver. A ação fez com que ele blindasse seus carros, tornando-os quase tanques de guerra.
O Massacre do Dia de São Valentim
Era 14 de fevereiro de 1929, dia de São Valentim, também conhecido como Dia dos Namorados, e os capangas de George “Bugs” Moran aguardavam um carregamento de uísque. Entretanto, os homens não imaginavam que aquela era, na verdade, uma armadilha criada por Al Capone.
Ainda pela manhã, dois policiais entraram na garagem no que parecia ser mais uma batida policial. Porém, depois de colocarem todos os capangas contra a parede e apreenderem suas armas, outros dois homens entraram com submetralhadoras e realizaram a chacina. Os sete foram mortos à queima-roupa.
Porém, o alvo principal do ataque, “Bugs”, estava atrasado e, por sorte, não chegou a tempo ao local. Ao saber do ataque, desistiu de seus negócios concorrentes ao de Al Capone e fugiu da cidade.
Ninguém foi responsabilizado pelo massacre.
Guerra contra o crime organizado
Em 1929, o então presidente Herbert Hoover iniciou uma guerra contra o crime organizado e, principalmente, contra Al Capone. Uma força-tarefa foi montada para o caso. No início, o grupo contava com 50 membros, mas, poucos meses depois, só 9 restaram. Mesmo assim, nas primeiras semanas de trabalho, os agentes já tinham causado um prejuízo de mais de 1 milhão a Scarface, com o fechamento de seus bares e destilarias.
A informação de que o grupo já havia recusado várias tentativas de suborno, inclusive jogando envelopes cheios de dinheiro através das janelas de seus carros, fez com que a imprensa os chamasse de “Os Intocáveis”. O filme de 1987, com o mesmo nome, foi inspirado na ação da força-tarefa.
Apesar das mais de 5 mil violações à Lei Seca e das denúncias de crimes, “Os Intocáveis” não conseguiram efetivamente colocar Capone na cadeia. Porém, um outro agente, Frank J. Wilson, da Receita Federal, divulgou provas essenciais para a condenação do chefão por sonegação fiscal.
Julgamento e condenação
Como era de se esperar, Capone nunca havia declarado qualquer imposto de renda, já que todos os seus rendimentos vinham de atividades ilegais. Quando Jake Gzuik, que era contador do mafioso, foi preso, os livros com as movimentações da organização caíram na mão da polícia, que apresentou 22 queixas de sonegação fiscal contra Scarface.
O mafioso ainda tentou um acordo e seus capangas até tentaram subornar o júri, tudo sem efeito. Em sua defesa, Capone disse:
“Você não pode curar a sede por lei. Ganho dinheiro satisfazendo a demanda do público. Se infrinjo a lei, meus clientes, que somam centenas das pessoas mais respeitáveis de Chicago, têm tanta culpa quanto eu. A única diferença é que vendo e eles compram (…). Quando vendo, isso é chamado de contrabando. Quando meus fregueses são servidos em uma bandeja de prata, é hospitalidade”.
Em 1931, Capone foi condenado a 11 anos de prisão, além de ter de pagar duas multas no valor de US$ 50 mil e US$ 7.692, e US$ 215 mil de juros por seus impostos atrasados.
Prisão e morte
Depois de um tempo na penitenciária federal de Atlanta, Scarface foi enviado à famosa prisão de Alcatraz. Lá, sua saúde estava prejudicada pela sífilis e ele começou a apresentar sinais de demência.
Em 16 de novembro de 1939, após passar 7 anos na cadeia, Capone foi solto e, por estar muito debilitado, foi viver em Palm Island, com a família. Em 25 de janeiro de 1947, o chefão mafioso mais conhecido de todos os tempos morreu ao lado de poucos familiares.
Curiosidades
Al Capone ajudou financeiramente muitos músicos, pintores e artistas, entre eles Louis Armstrong. Além disso, tinha espaços exclusivos para alimentar pessoas que passavam fome, ainda mais depois da quebra da bolsa, em 1929.
Um dos locais criados para ajudar os necessitados
Dos 100 milhões de dólares que Al Capone faturava todo ano, estima-se que 30 milhões iam para o pagamento de propina a agentes públicos, políticos, jornalistas, policiais, juízes, e outros profissionais.
Ele odiava ser chamado de “Scarface” e, por isso, sempre que podia escondia essa parte do rosto nas fotos. Ele também costumava dizer que eram feridas de guerra, mas ele nunca havia servido ao exército.
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